Morre, aos 104 anos, a atriz Olivia de Havilland

por: Cinevitor

oliviadehavillandmorreEm cena do filme …E o Vento Levou: reconhecimento mundial.

Morreu neste domingo, 26/07, aos 104 anos, a atriz Olivia de Havilland, uma das mais respeitadas estrelas da Era de Ouro de Hollywood. Segundo informações divulgadas pela imprensa, a atriz faleceu de causas naturais em sua casa em Paris, onde vivia há 60 anos.

Filha de pais ingleses, nasceu em Tóquio, no Japão. Porém, três anos depois, se mudou para a Califórnia com a família. Depois de terminar o colegial, onde protagonizou a peça Alice no País das Maravilhas, entrou para a companhia teatral da cidade em que morava e atuou em Sonho de uma Noite de Verão, inspirada na obra de Shakespeare. Ganhou destaque nos palcos e foi para Hollywood participar de uma nova versão do espetáculo, onde substituiu a atriz Gloria Stuart.

Sua primeira aparição nas telonas foi em 1935, na comédia Esfarrapando Desculpas. Mas, a notoriedade veio mesmo com a versão cinematográfica de Sonho de uma Noite de Verão, realizada no mesmo ano e dirigida por William Dieterle e Max Reinhardt, que recebeu duas estatuetas no Oscar.

Já conhecida, ganhou destaque mundial com sua atuação no clássico …E o Vento Levou, de Victor Fleming, que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante ao interpretar Melanie Hamilton. Empolgados com o sucesso estrondoso da atriz, os executivos da Warner Bros. começaram a oferecer papéis que deixavam Olivia frustrada por não conseguir ganhar espaço para mostrar todo seu potencial artístico. Logo, começou a recusar certos trabalhos e personagens, já que o estúdio não atendia seus pedidos. Por conta disso, recebeu uma suspensão contratual de seis meses.

oliviaventolevouNos bastidores de …E o Vento Levou com Hattie McDaniel e Vivien Leigh.

Quando o contrato foi encerrado, Olivia viu a possibilidade de trabalhar com outras produtoras, porém foi avisada que deveria continuar trabalhando por mais seis meses para compensar a suspensão. Apoiada pelo Screen Actors Guild, abriu um processo contra o estúdio. Durante a batalha judicial, ficou fora de Hollywood por dois anos. Tal atitude lhe rendeu uma vitória no processo, reduzindo o poder dos grandes estúdios e gerando mais liberdade aos atores em seus contratos. A decisão judicial originou a Lei De Havilland, que lhe garantiu ainda mais respeito e admiração de seus colegas, inclusive da irmã, a também atriz Joan Fontaine.

Em 1942, Olivia e Joan, que, segundo boatos, mantinham uma relação difícil desde a infância, foram indicadas ao Oscar na mesma categoria: melhor atriz. A estatueta dourada acabou sendo entregue à Joan Fontaine pelo filme Suspeita, de Alfred Hitchcock; Olivia disputou por seu trabalho em A Porta de Ouro.

Uma parceria marcante na carreira de Olivia foi com o ator Errol Flyn. Juntos, atuaram em oito filmes e ficaram conhecidos como um dos casais mais queridos de Hollywood pelos filmes: Capitão Blood, A Carga da Brigada Ligeira, As Aventuras de Robin Hood, Amando Sem Saber, Dodge City, Meu Reino por um Amor, A Estrada de Santa Fé e O Intrépido General Custer. Com Bette Davis, uma de suas melhores amigas, atuou em diversas produções, como: Nascida para o Mal, Com a Maldade na Alma, entre outras.

oliviairmaAs irmãs Olivia de Havilland e Joan Fontaine.

A primeira estatueta dourada de Olivia de Havilland como melhor atriz veio em 1947, com o drama Só Resta uma Lágrima; em 1950, venceu na mesma categoria por Tarde Demais. No ano anterior, foi indicada por Na Cova da Serpente. Em 1987, foi premiada no Globo de Ouro pela minissérie Anastácia: O Mistério de Ana e indicada ao Emmy.

Foi consagrada também no Festival de Veneza, pelos críticos de Nova York e pela National Board of Review. Pelo conjunto da obra, foi homenageada no Gold Derby Awards e no CinEuphoria Awards, além de receber uma estrela na Calçada da Fama. Em 1999, foi nomeada uma das 500 grandes lendas do cinema pelo American Film Institute. Em 1965, se tornou a primeira mulher a presidir o júri do Festival de Cannes.

Dentre tantas honrarias, recebeu também a Medalha Nacional das Artes, concedida pelo presidente americano George W. Bush, em 2008; a Ordem Nacional da Legião de Honra, com a qual foi condecorada pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, em 2010; e a Excelentíssima Ordem do Império Britânico, sendo condecorada com o título de Dama do Império Britânico, em 2017, pela Rainha Elizabeth II por serviços prestados às artes.

Além disso, publicou um livro, em 1962, chamado Every Frenchman Has One, sobre as dificuldades e aventuras de sua vida na França. Logo depois, no mesmo ano, voltou às telonas depois de três anos de ausência.

oliviabetteCom a amiga Bette Davis no filme Com a Maldade na Alma, de Robert Aldrich.

Prestes a completar 101 anos, Olivia resolveu processar a FX e a Ryan Murphy Productions por ter sido mencionada na minissérie Feud, que mostra os bastidores de O que Terá Acontecido a Baby Jane?, filme com Bette Davis e Joan Crawford. Porém, não saiu vitoriosa no processo. Na ficção, ela foi interpretada pela atriz Catherine Zeta-Jones.

Entre tantos trabalhos, também se destacou em: Devoção, Champanhe Para Dois, Eu Te Matarei, Querida!, Espelho d’Alma, Difícil de Apanhar, O Grande Garrick, Uma Loira com Açúcar, Asas da Esquadra, O Enxame, A Filha do Embaixador, Luz na Praça, A Dama Enjaulada, O Quinto Mosqueteiro, entre outros. Olivia atuou até a década de 1980, dando destaque à produções televisivas.

Em 2009, narrou o documentário I Remember Better When I Paint, de Eric Ellena e Berna Huebner, sobre a importância da arte no tratamento da doença de Alzheimer. Até então, Olivia era a mais antiga atriz a ter vencido o Oscar que ainda estava viva e também a única entre os ícones da Era de Ouro.

Fotos: Divulgação/20th Century Fox.

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