Gaga: Five Foot Two

por: Cinevitor

gagaposterDireção: Chris Moukarbel

Elenco: Lady Gaga, Mark Ronson, BloodPop, Florence Welch, Ashley Gutierrez, Nick Movshon, Cory Booker, Bobby Campbell, Joe Germanotta, Natali Germanotta, Cynthia Germanotta, Brian Newman, Hamish Hamilton, Andrea Gelardin, Ruth Hogben, Sonja Durham, Darryl Pinckney, Sandra Amador, Richy Jackson, Marlene Gerais, Danielle Aufiero, Brandon Maxwell, Donatella Versace.

Ano: 2017

Sinopse: Acompanhe a controversa Lady Gaga, ícone mundial, durante o lançamento de um álbum, nos preparativos do show do Super Bowl e confrontando desafios físicos e emocionais.

Crítica do CINEVITOR: Stefani Joanne Angelina Germanotta já era uma artista desde criança, quando aprendeu a tocar piano aos quatro anos de idade. Mas, o público só descobriu seu talento muito tempo depois quando surgiu como Lady Gaga, uma cantora pop conhecida por impactar tanto por sua atitude quanto por seus figurinos excêntricos. Seu primeiro álbum foi um sucesso e logo se tornou um fenômeno mundial. Daqui em diante foram muitos prêmios, turnês, contratos milionários, videoclipes, hits, polêmicas e tudo aquilo que faz parte da vida de uma celebridade internacional. Com uma carreira meteórica, Gaga sentiu necessidade de se renovar, ou melhor, de expor seu lado mais íntimo, e desconhecido pelo público, em canções de um novo álbum. Mas, ela foi além disso. Para mostrar essa transição artística e pessoal, resolveu revelar um outro lado de sua história neste documentário original Netflix. Gaga: Five Foot Two, dirigido por Chris Moukarbel, de Banksy Does New York, foi exibido recentemente no Festival de Toronto e surpreendeu a audiência presente. Logo no começo vemos a artista em casa, despojada, sem maquiagem, falando de sua relação estremecida com o até então namorado Taylor Kinney. Nestes minutos iniciais surge o primeiro de tantos discursos que são abordados ao longo do filme. Aqui, ela revela uma certa falta de paciência em relação a “bobagens de macho” e continua o assunto, em outro momento, quando reflete sobre o mercado machista no qual faz parte. Fato é que Lady Gaga sempre se preocupou em honrar as mulheres em suas apresentações e entrevistas, colocando-as em evidência numa sociedade dominada pelo patriarcado. Em meio a discussões importantes, como por exemplo quando fala sobre o poder da mídia em relação a Marilyn Monroe e Anna Nicole Smith e as consequências da fama que as levaram a finais trágicos, há espaço também para momentos íntimos e descontraídos, como: um passeio de carro sem ser reconhecida, uma conversa sobre sua relação com Madonna, uma reunião à beira da piscina fazendo topless, consultas médicas para tratar seu problema no quadril, bastidores da gravação do videoclipe de Perfect Illusion e da série American Horror Story, perfeccionismo e irritação com a equipe no ensaio do Super Bowl, uma festa de batizado do filho de um amigo, ensaio de seu novo álbum, parceria com Florence Welch e um emocionante encontro com a vó. Ou seja, o dia a dia normal de uma pessoa, que nesse caso não passa desapercebido por conta de seu trabalho reconhecido mundialmente. Além desses e tantos outros momentos que devem alegrar ainda mais os fãs da cantora, o documentário foca na questão pessoal da artista, da necessidade de querer fazer algo diferente e mostrar para o público seu amadurecimento. Se antes Gaga se sentia insegura e se escondia atrás de fantasias e perucas, agora ela se sente pronta para revelar um outro lado de sua personalidade. Esse reconhecimento próprio começa com Joanne, seu quinto álbum em estúdio, e definitivamente o mais pessoal de sua carreira. Aqui, Gaga também está se conhecendo e se descobrindo, tentando mostrar uma nova identidade ou talvez aquela que ainda não tivesse sido revelada por falta de coragem. “Eu não me sentia bonita e nem inteligente o suficiente. E nem uma cantora talentosa. Agora me sinto boa o suficiente e sei que tudo tem algum valor“. Essa revelação faz todo sentido ao longo dos 100 minutos de projeção, onde conhecemos todas as facetas de Gaga: a filha, a cantora, a irmã, a artista, a mulher. Percebemos que aquela Gaga fantasiada ficou para trás e que esse novo álbum reflete sua vida e sua determinação em revelar suas verdadeiras emoções. Claro que tudo sempre foi muito bem pensando em sua carreira, com a intenção de passar uma mensagem, e toda aquela afetação foi válida para sua construção profissional e para encorajar seus fãs. Por insegurança, Gaga desviava a atenção da mídia com suas performances, fosse em uma premiação ou em um tapete vermelho. Nada foi em vão. Porém, aos 30 anos, ela finalmente se sente segura para chamar atenção sendo ela mesma. Nua e crua. Gaga: Five Foot Two traça uma linha narrativa interessante e revela os dois lados da moeda. Ora somos público, ora somos íntimos da artista: seja dentro da sua casa ou durante a turnê de lançamento de Joanne. Gaga, que assina como produtora do filme, sabia muito bem o que queria mostrar e dizer e pareceu disposta a escancarar tudo para que o espectador não sentisse falta de nada. Chris Moukarbel começa seu filme de forma despretensiosa e despojada e aos poucos nos insere na intimidade e no crescimento de sua protagonista. Gaga: Five Foot Two é um presente para os little monsters, mas é também um retrato interessante, íntimo e bem filmado de uma artista despida de maquiagem e alegorias: com sentimentos, que sofre por amor, que liga para os pais quando se sente sozinha, que se emociona ao fazer a apresentação dos seus sonhos em um evento importante, que se preocupa com a opinião dos fãs e que se entrega de corpo e alma ao trabalho. Lady Gaga será sempre uma estrela, pronta para brilhar. Mas, depois desse documentário, você a enxergará com outros olhos. (Vitor Búrigo)

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

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