28º Festival Mix Brasil anuncia filmes internacionais e atrações especiais

por: Cinevitor

mixbrasildragkidsQueen Lactatia no documentário Drag Kids, de Megan Wennberg.

O 28° Festival Mix Brasil, maior evento cultural dedicado à diversidade da América Latina e um dos maiores do mundo, acontecerá entre os dias 11 e 22 de novembro em formato on-line e gratuito. Algumas sessões presenciais acontecerão no CineSesc, assim como espetáculos teatrais no Centro Cultural da Diversidade e exposição em diversos centros culturais de São Paulo, com um número limitado de espectadores e respeitando os protocolos de segurança por conta da pandemia de Covid-19.

Com direção de André Fischer e direção executiva de Josi Geller, a programação do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade traz 101 filmes, de 24 países, espetáculos de teatro, música, seminário de literatura, laboratório audiovisual, mesas sobre temas relevantes para comunidade LGBTQIA+, artes visuais e o já tradicional Show do Gongo. Tudo estará disponível na plataforma do Mix Brasil (clique aqui). Este ano, a homenageada com o prêmio Ícone Mix será a drag queen Marcia Pantera, criadora do movimento bate-cabelo e destaque em diversos filmes do cinema nacional, como Corpo Elétrico.

“Iremos sentir falta do calor humano e dos encontros antes das sessões, mas o lado bom é a democratização do conteúdo do festival, pois esse ano estaremos em todo Brasil”, observa Josi Geller. Para Fischer, a edição deste ano busca trazer uma mensagem de força e sorte como estímulo, para lembrar que tudo que está acontecendo vai passar e que sairemos mais fortes: “Encontramos essa potência na imagem da figa, símbolo-gesto europeu apropriado pelas religiões brasileiras de matriz africana. A comunicação visual desse ano surge a partir de trabalho original de Felippe Moraes, que o reproduziu especialmente para o festival nas mãos de diversas pessoas”; o resultado é uma exposição de fotografias em grandiosos lambe-lambes, que estará em diversos centros culturais de São Paulo.

mixbrasilverao85Benjamin Voisin e Félix Lefebvre em Verão de 85, de François Ozon.

O festival abrirá no dia 11/11, quarta-feira, às 20h, com uma cerimônia totalmente on-line, que contará com um pocket show da cantora Linn da Quebrada seguido da exibição do premiado filme argentino As Mil e Uma (Las Mil y Una), de Clarisa Navas, inédito no Brasil e selecionado para a mostra Panorama do Festival de Berlim. O longa faz um retrato contemporâneo da periferia da cidade argentina de Corrientes, onde Iris conhece Renata, uma mulher jovem com um passado difícil, e imediatamente se sente atraída por ela. Iris e seus amigos superam medos e lutam contra a intolerância ao seu redor para viverem seus primeiros amores e experiências sexuais. O filme ficará disponível na plataforma do festival a partir do término do show.

Uma seleção de grandes filmes que passaram pelos principais festivais de cinema do mundo marca o Panorama Internacional, seção organizada por João Federici, diretor de programação do Mix Brasil. Inéditos no Brasil, os destaques são: o drama Verão de 85 (Été 85), de François Ozon, que disputou a Concha de Ouro no Festival de San Sebastián; The World to Come, de Mona Fastvold, vencedor do Queer Lion no Festival de Veneza deste ano e exibido em San Sebastián, protagonizado por Katherine Waterston e Vanessa Kirby; I Carry You with Me, de Heidi Ewing, que levou o Prêmio do Público no Festival de Sundance; a comédia dramática Saint-Narcisse, de Bruce La Bruce, que recebeu o Graffetta d’Oro no Festival de Veneza; Lingua Franca, de Isabel Sandoval, grande vencedor do Queer Lisboa 2020; o drama Suk Suk, de Ray Yeung, exibido no Festival de Berlim e premiado no Hong Kong Film Awards.

mixbrasiltheworldtocomeKatherine Waterston e Vanessa Kirby em The World to Come, de Mona Fastvold.

A lista segue com: Shiva Baby, comédia dirigida por Emma Seligman, exibida no Festival de Toronto e premiada no L.A. Outfest na categoria de melhor roteiro; o documentário Pequena Garota (Petite fille), de Sébastien Lifshitz, premiado no Festival de Chicago e exibido em Berlim; a comédia australiana Ellie & Abbie (& Ellie’s Dead Aunt), de Monica Zanetti; o drama argentino Emilia, de César Sodero, destaque do Festival de Roterdã; Cured, de Patrick Sammon e Bennett Singer, eleito pelo público como o melhor documentário do Frameline Film Festival; o chileno A Morte Virá e Levará Seus Olhos (Vendrá la Muerte y Tendrá Tus Ojos), de José Luis Torres Leiva, premiado no Mar del Plata Film Festival e exibido em San Sebastián e no IndieLisboa; e o documentário A Cidade Era Nossa (De stad was van ons), de Netty van Hoorn, documentário sobre o movimento lésbico holandês nos anos 1970.

E mais: o romance chileno Caminhos Esquecidos (La Nave del Olvido), de Nicol Ruiz Benavides; 7 minutes, de Ricky Mastro; o documentário Sempre Amber (Always Amber), de Hannah Reinikainen Bergenman e Lia Hietala, exibido em Berlim; Cigarra (Cicada), de Matthew Fifer e Kieran Mulcare, premiado no NewFest: New York’s LGBT Film Festival; o documentário Drag Kids, de Megan Wennberg, exibido no Hot Docs; e o chileno Los Fuertes, de Omar Zúñiga Hidalgo, exibido no Festival de Gramado deste ano e premiado no L.A. Outfest.

mixbrasilosfortesSamuel González e Antonio Altamirano em Los Fuertes, de Omar Zúñiga Hidalgo.

A Mostra Competitiva de filmes brasileiros, divulgada anteriormente, reúne nove títulos em uma seleção fortemente marcada pelas investigações das afetividades e identidades da população LGBTQIA+. Entre os concorrentes ao Coelho de Ouro, a maioria fará sua première nacional no festival. Além disso, quatro documentários relatam as vivências de diferentes populações ignoradas ou marginalizadas do nosso país no panorama Vozes do Brasil Real. Clique aqui e relembre os selecionados.

Já os curtas metragens contam com uma Mostra Competitiva com 13 filmes, de 7 estados, além de outros 48 trabalhos nacionais e 20 estrangeiros. Os 13 programas temáticos de curtas trarão temas como Corpos Cênicos, Golden Girls & Boys, Identidade e Política, Inconciliáveis, Mix Jovem, Mulheres Alfa, Nós Duas, Sagrades, Sexy Boyz 2020, SP Mix, Tensão em Família e Crescendo com a Diversidade, destinado ao público de todas as idades. Clique aqui e confira a seleção.

O júri da Mostra Competitiva Brasil de longas será formado por: Gil Baroni, diretor de Alice Júnior, grande vencedor do Mix do ano passado; a cineasta Livia Perez; e a apresentadora da TV Cultura, Adriana Couto. A Mostra Competitiva Brasil de curtas terá no júri: a atriz Bruna Linzmeyer; o artista e realizador Asaph Luccas; e a cineasta Carol Markowicz.

mixbrasilcigarraSheldon D. Brown e Matthew Fifer em Cigarra.

O Mix Talks, com produção de Gustavo Koch e mediação de Ali Prando, que também são co-curadores do evento, promove a sexta edição da conferência que ganha nova roupagem com o objetivo de aproximar o público de discussões muitas vezes restritas a ambientes acadêmicos. A lista reúne convidados como as cantoras Jup do Bairro e Marina Lima, a intelectual Joanna Burigo, o ativista Victor Di Marco, personalidades como Erika Palomino, atual diretora do CCSP, Centro Cultural São Paulo, e Daniel Nolasco, diretor do longa-metragem Vento Seco. Ao todo, 18 convidados vão se revezar nas conversas. Entre os temas, questões como decolonialidade na arte, a cultura ballroom e até mesmo a cantora Madonna, que inspira um painel sobre envelhecimento e mídia. Se Toque: O Corpo Feminino Além da Erotização, mesa de feminismo que tem a curadoria e produção de Vanessa Siqueira e mediação da Bárbara Falcão, com Gabriela Garcia, Gaia Qav e Márcia Zuliane, completa a programação.

No momento em que o distanciamento social é necessário, o Show do Gongo será transmitido on-line e ao vivo no dia 16 de novembro direto do Centro Cultural da Diversidade para todo o Brasil. A dinâmica continua a mesma: desapegados realizadores apresentam seus vídeos para o julgamento do público do Mix Brasil, cabendo à fabulosa Marisa Orth gongar ou não.

O Mix Music apresenta, nesta edição on-line, shows viscerais, ao vivo, com artistas importantes da cena LGBTQIA+, como: Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Jaloo e Martte. Já o Mix Literário, que conta com curadoria de Alexandre Rabello, chega a sua terceira edição trazendo mesas com a participação de nomes fundamentais do mercado editorial nacional, autores e editores que discutem o lugar da comunidade LGBTQIA+ na produção literária. Entre os destaques estão: Luiz Fernando Prado Uchôa e Jordhan Lessa; Beatriz RGB; Itamar Vieira Junior e Marco Severo; Francisco Mallmann, Mike Sullivan, Natalia Borges Polesso e Maya Falks. O evento também lança, em parceria com a editora Reformatório, o Prêmio Caio Fernando Abreu de Literatura, destinado à publicação em livro inédito focado na diversidade, além de premiar com o troféu Coelho de Prata uma obra publicada em livro físico entre outubro de 2019 e setembro de 2020, cuja narrativa se relacione a vivências e questões específicas da comunidade LGBTQIA+.

mixbrasilbrucelabruceFélix-Antoine Duval em Saint-Narcisse, de Bruce La Bruce.

A parte teatral do Mix traz a primeira edição do Prêmio Dramática. Seis textos inéditos, selecionados a partir de um edital, concorrerão ao Coelho de Ouro (Prêmio do Júri) e Coelho de Prata (Prêmio do Público). As apresentações, que seguirão todos os protocolos sanitários, serão ao vivo com presença de público limitado no Centro Cultural da Diversidade e transmitidas para todo o país. Os concorrentes são: Wonder! Vem pra Barra Pesada!, de Rafael Carvalho e Wallie Ruy; Meta-Me – Um Dossiê de Ode ao Júbilo, solo de Bruno Canabarro; MINI-BIUs, BILs, BIOs, com Andreya Sá e Carlos Jordão e direção de Marina Mathey; O Armário Normando, com direção e performance de Janaina Leite e André Medeiros Martins, do Grupo XIX; Rainha, de Guilherme Gonzalez e atuação de Sérgio Rufino; e Vírus Manifesto – Onde Estão os Meus Chinelos?!…, de Davi Parizotti e direção de Thiago Sak.

A 5ª edição do MixLab Spcine, encontro que visa o intercâmbio de experiências e relações profissionais na área cinematográfica, será totalmente on-line e abre com uma masterclass do cineasta Esmir Filho. O evento conta ainda com mesas como Criação e produção de audiovisual LGBTQIA+ independente em tempos de pandemia e Produção de conteúdo LGBTQIA+ na cidade de São Paulo. A parceria com a Spcine também é representada por uma vitrine exclusiva de destaques do festival, que será exibida dentro da plataforma Spcine Play durante 90 dias a partir do início do evento.

Uma série de fotografias em grandiosos lambe-lambes, desenvolvidas pelo artista Felippe Moraes, com o gesto da Figa, identidade visual da 28ª edição do Mix, que pela primeira vez não tem uma palavra como tema, estará em exposição espalhada por diversos centros culturais de São Paulo como CCN (Centro de Culturas Negras – Mãe Sylvia de Oxalá), CCJ (Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso) e CCD (Centro Cultural da Diversidade) e Vila Itororó. A exposição gratuita, que abre dia 14 de novembro e vai até 23 de dezembro, das 11h às 15h, traz este símbolo europeu que se fundiu aos cultos de terreiro, disseminando-se popularmente como amuleto de proteção contra forças destrutivas.

mixbrasilalwaysamberCena do documentário Always Amber, de Hannah Reinikainen Bergeman e Lia Hietala.

Toda a programação on-line do Mix Brasil 2020 poderá ser acessada gratuitamente pelo site do evento. Os filmes poderão ser assistidos pelas plataformas digitais InnSaei, Sesc Digital e Spcine Play. O acesso a alguns filmes será limitado e alguns longas serão exibidos apenas em sessões presenciais, como: Verão de 85, The World to Come e I Carry You with Me.

O Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade é organizado anualmente desde 1993 pela Associação Cultural Mix Brasil que tem como missão a promoção do respeito e livre expressão da diversidade sexual. O objetivo do Mix Brasil é apresentar novas possibilidades para a comunidade LGBTQIA+ livres de preconceitos, promovendo a tolerância, compreensão, cidadania e o combate a toda forma de discriminação.

Fotos: Divulgação.

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